Pediram-me que te escrevesse uma carta embora não saiba muito bem o que te dizer.
É verdade que gostava muito de ti e que eras o pilar da família e apesar de não gostar de decepcionar-te, sempre que alguma coisa corria mal, sabia que eras capaz de ouvir e que me darias bons conselhos. Controlavas o histerismo da mãe e depois era mais fácil lidar com as coisas.
Ainda bem que partiste pensando que eu estava bem com o F. pois sei que te preocupavas com o facto de eu estar sozinha. Querias ver-me amparada. Acho que gostavas dele e é verdade que sempre te omiti os problemas que tinha.
Sei que ficarias triste com o facto de termos acabado mas depois de explicar-te as razões compreenderias e dizer-me-ias que era o melhor a fazer, porque querias que fosse feliz por inteiro.
Eu sei porque custa à mãe admitir. Não quer dizer aos conhecidos e à família que estou outra vez solteira, pois é encarar que a filha falhou, naquilo que para ela é o objectivo de uma vida. Deve ser por isso que me culpa sempre!
Pediram-me que te falasse da minha solidão. É verdade que é duro estar sozinha mas quando existias, apesar de saber que não me irias resolver os problemas, era sempre reconfortante ouvir a tua voz, num longo e prolongado olá. Também me fazia bem o teu sentido de humor britânico e a tua forma muito mais alegre de encarar a vida do que a mãe.
Não te sei falar muito da solidão. Apenas que tenho que tentar viver com isto e preencher os dias....
É verdade que a sensação de estar mais sozinha no mundo aumentou quando morreste e depois quando morreram as outras pessoas que foram referência na minha infância. Vão-se todos e fica-se com a sensação que também estamos mais perto...
Tu tinhas muito medo de morrer e acho que herdei isso de ti.
Agora preciso de descansar.
Um beijinho.
Ana
É verdade que gostava muito de ti e que eras o pilar da família e apesar de não gostar de decepcionar-te, sempre que alguma coisa corria mal, sabia que eras capaz de ouvir e que me darias bons conselhos. Controlavas o histerismo da mãe e depois era mais fácil lidar com as coisas.
Ainda bem que partiste pensando que eu estava bem com o F. pois sei que te preocupavas com o facto de eu estar sozinha. Querias ver-me amparada. Acho que gostavas dele e é verdade que sempre te omiti os problemas que tinha.
Sei que ficarias triste com o facto de termos acabado mas depois de explicar-te as razões compreenderias e dizer-me-ias que era o melhor a fazer, porque querias que fosse feliz por inteiro.
Eu sei porque custa à mãe admitir. Não quer dizer aos conhecidos e à família que estou outra vez solteira, pois é encarar que a filha falhou, naquilo que para ela é o objectivo de uma vida. Deve ser por isso que me culpa sempre!
Pediram-me que te falasse da minha solidão. É verdade que é duro estar sozinha mas quando existias, apesar de saber que não me irias resolver os problemas, era sempre reconfortante ouvir a tua voz, num longo e prolongado olá. Também me fazia bem o teu sentido de humor britânico e a tua forma muito mais alegre de encarar a vida do que a mãe.
Não te sei falar muito da solidão. Apenas que tenho que tentar viver com isto e preencher os dias....
É verdade que a sensação de estar mais sozinha no mundo aumentou quando morreste e depois quando morreram as outras pessoas que foram referência na minha infância. Vão-se todos e fica-se com a sensação que também estamos mais perto...
Tu tinhas muito medo de morrer e acho que herdei isso de ti.
Agora preciso de descansar.
Um beijinho.
Ana