28 setembro 2007
Da minha janela
Por instantes o tempo parou e só fiquei eu, sem palavras, diante deste rio mágico que se desnudou à frente da minha janela.
27 setembro 2007
Disponível para Amar/In the mood for love
26 setembro 2007
Cordão umbilical
Entre mim e o mar não há distância. Apenas correntes comuns, cruzamentos de rotas, mudanças de ventos. O cheiro forte que me invade o corpo todo. As cores que enchem os olhos de prazer.O gosto salgado do salmão...
Entre mim e o mar há barulhos que me acalmam, ondas que me afagam, forças que me alimentam. E há palavras sussurradas, desalentos que se afogam.
E há amor, paixão e coisas constantes.
Entre mim e o mar estás tu que conheci e que partistes para sempre numa manhã de luz crua.
Estás tu que esqueci para vires tu que me enlouqueceste.
Entre mim e o mar há barulhos que me acalmam, ondas que me afagam, forças que me alimentam. E há palavras sussurradas, desalentos que se afogam.
E há amor, paixão e coisas constantes.
Entre mim e o mar estás tu que conheci e que partistes para sempre numa manhã de luz crua.
Estás tu que esqueci para vires tu que me enlouqueceste.
Este desalento? Esta inquietação?
Leva-a tu mar, em dia de generosidade.
Deslizar
Nesse rio do esquecimento só me apetece navegar dias sem fim.
Assim, sem mais nem menos,
de repente, sem horas, sem minutos, sem segundos.
Navegar de mansinho… fazendo do meu corpo um barco.
Apenas deslizar.
Apenas perder-me.
Queria embriagar-me de cheiros, de sons e de cores
e sonhar.
Queria partir sem deixar rasto
e um dia, de manhãzinha, em silêncio, alcançar a margem e ficar.
Aí, onde a areia é fina e o mundo sorri.
Assim, sem mais nem menos,
de repente, sem horas, sem minutos, sem segundos.
Navegar de mansinho… fazendo do meu corpo um barco.
Apenas deslizar.
Apenas perder-me.
Queria embriagar-me de cheiros, de sons e de cores
e sonhar.
Queria partir sem deixar rasto
e um dia, de manhãzinha, em silêncio, alcançar a margem e ficar.
Aí, onde a areia é fina e o mundo sorri.
Hoje ouvi o canto...
Hoje ouvi o canto de um pássaro na minha janela!
Será que esteve sempre ali e eu é que não o conseguia ouvir?
Será que esteve sempre ali e eu é que não o conseguia ouvir?
24 setembro 2007
22 setembro 2007
Convalescença
Não há muitas palavras, nem sons, nem televisões,
apenas a respiração regular de quem sobrevive,
e o silvo do vento que desliza pela brisa da tarde.
Caminho devagar, esperando, num tempo sem tempo, que o cansaço me vença.
Não sinto o corpo, apenas a cabeça que procura emoções contidas no entardecer.
Ninguém me agredirá mais e esta certeza é o início da minha convalescença.
apenas a respiração regular de quem sobrevive,
e o silvo do vento que desliza pela brisa da tarde.
Caminho devagar, esperando, num tempo sem tempo, que o cansaço me vença.
Não sinto o corpo, apenas a cabeça que procura emoções contidas no entardecer.
Ninguém me agredirá mais e esta certeza é o início da minha convalescença.
16 setembro 2007
Fingir que está tudo bem
Fingir que está tudo bem:
o corpo rasgado e vestido com roupa passado a ferro,
rastos de chama dentro do corpo, gritos desesperados sobre as conversas:
fingir que está tudo bem...
o sangue a ferver sobre a pele igual aos dias antes de tudo,
tempestades de medo nos lábios a sorrir:
será que vou morrer? Será que vou morrer?
(...)
ferro em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte:
fingir que está tudo bem:
ter de sorrir:
um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.
(José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas, Ed. Quasi - adaptado)
o corpo rasgado e vestido com roupa passado a ferro,
rastos de chama dentro do corpo, gritos desesperados sobre as conversas:
fingir que está tudo bem...
o sangue a ferver sobre a pele igual aos dias antes de tudo,
tempestades de medo nos lábios a sorrir:
será que vou morrer? Será que vou morrer?
(...)
ferro em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte:
fingir que está tudo bem:
ter de sorrir:
um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.
(José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas, Ed. Quasi - adaptado)
O barco avança sem destino
as noites, os dias. o barco avança sem destino.
o oceano é infinito.
o oceano é infinito.
(José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas, Ed. Quasi)
15 setembro 2007
Ilhas
As ilhas põem-me atenta, expectante, viva, sensorial, capaz de absorver tudo em meu redor.
Nestes momentos deixo-me embriagar pelo sol e fico com uma hilaridade pueril.
É então a vez de derramar as últimas lágrimas e de contar os últimos segredos...
É então a vez de voltar a sonhar...
Monto nos golfinhos e viajo de volta à infância, lá longe, no meio do mar ...
Monto nas baleias e prossigo, na companhia dos garajaús, das cagarras, da brisa da tarde, das estrelas...
Nestes momentos deixo-me embriagar pelo sol e fico com uma hilaridade pueril.
É então a vez de derramar as últimas lágrimas e de contar os últimos segredos...
É então a vez de voltar a sonhar...
Monto nos golfinhos e viajo de volta à infância, lá longe, no meio do mar ...
Monto nas baleias e prossigo, na companhia dos garajaús, das cagarras, da brisa da tarde, das estrelas...
E espero...
E espero por ti marinheiro que ainda não chegaste.
PS. A partir de agora quero apenas beleza e serenidade na minha existência.
É um direito que me assiste. Afastarei a fealdade como se escorraçasse um cão raivoso.
14 setembro 2007
Estória do homem de olhos castanhos (parte última)
A mulher sempre soube que F era um porco. Não, não era só a depressãozinha insinuante...
F era um mentiroso compulsivo, um bebedor compulsivo, um fumador compulsivo e um agressor em potência. F também adorava misturar-se com a escumalha (drogaditos, ladrõezecos, vagabundos e outros tantos que tal). Tentava sempre dissimular com frases bonitas e dizia, para se enganar a si próprio, que era uma experiência antropológica.
A mulher sabia que ele era de uma ingenuidade tocante nas explicações que dava sobre si mas ao princípio teve pena. Pensava que era a doença, a tal da depressão, os traumas de infância.... e acreditava que podia mudar as coisas com conversa, carinho, amor e mais conversa...
Mas F nunca quis mudar. Gostava daquilo, de inventar um mundo de mentiras e de estar com gente vazia, sem ideias, onde podia ser o javardo que o trabalho e as obrigações sociais não lhe permitiam. Também pensava que beber o inspirava numa postura romântica do séc. XIX que tanto odiava. Pobre F! Tão tonto!
A mulher finalmente percebeu que tinha de afastar-se daquele curral, daquela porcaria, daquele vómito, se não, um belo dia, ao acordar, estaria a transbordar de merda.
Fim da estória ou talvez não.
PS. (Haverá partes intermédias, ao sabor das vagas)
F era um mentiroso compulsivo, um bebedor compulsivo, um fumador compulsivo e um agressor em potência. F também adorava misturar-se com a escumalha (drogaditos, ladrõezecos, vagabundos e outros tantos que tal). Tentava sempre dissimular com frases bonitas e dizia, para se enganar a si próprio, que era uma experiência antropológica.
A mulher sabia que ele era de uma ingenuidade tocante nas explicações que dava sobre si mas ao princípio teve pena. Pensava que era a doença, a tal da depressão, os traumas de infância.... e acreditava que podia mudar as coisas com conversa, carinho, amor e mais conversa...
Mas F nunca quis mudar. Gostava daquilo, de inventar um mundo de mentiras e de estar com gente vazia, sem ideias, onde podia ser o javardo que o trabalho e as obrigações sociais não lhe permitiam. Também pensava que beber o inspirava numa postura romântica do séc. XIX que tanto odiava. Pobre F! Tão tonto!
A mulher finalmente percebeu que tinha de afastar-se daquele curral, daquela porcaria, daquele vómito, se não, um belo dia, ao acordar, estaria a transbordar de merda.
Fim da estória ou talvez não.
PS. (Haverá partes intermédias, ao sabor das vagas)
09 setembro 2007
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