Aviso aos leitores: esta história é um work in progress, com direito a alterações consoante o humor do dia e o seu avanço. Começou hoje, sem data marcada para terminar.
A mulher conheceu F num dia de Outubro quando ele entrou porta dentro. Vinha calado, com ar sério, vestido para a ocasião. Balbuciou poucas palavras e fechou-se cabisbaixo na sua mesa de trabalho.
A mulher achou-lhe graça e espiou-o, disfarçadamente, sempre que podia.Verificou que era tímido, com um olhar profundo e um aspecto aparentemente alinhado que escondia a sua desordem interior.
Com o passar dos meses e sem saber porquê a sua presença calada e enigmática dava-lhe conforto e nos dias em que F aparecia no escritório a mulher sentia-se inspirada, como se penetrar nas entranhas daquele homem fosse um desafio.
Um dia F desapareceu, sem palavras, por muito tempo.
Num fim de tarde em que o encontrou por acaso, interpelou-o, um pouco sem sentido, inventando palavras ao acaso só para ouvir a sua voz. F escutou mas permaneceu quase calado, sussurrando apressado algumas palavras, como se fugisse. Tinha pressa, disse.
Anos mais tarde a mulher compreendeu que não era nada de pessoal. F tinha um mundo próprio de que lhe era difícil sair.
Numa manhã de Verão encontraram-se debaixo de um calor intenso. F trazia uma t shirt verde e calças de ganga e sofria com o ar sufocante. A mulher manteve-se à distância, espiando de longe, em segredo, roubando-lhe a alma através da máquina fotográfica e escrevendo, escrevendo palavras sem sentido, sem ordem, sem nexo, com o prazer da descoberta de si, de o ter ali tão perto e tão longe, de se sentir viva uma vez mais.
Em pleno Verão ela partiu e ele ficou para trás, despido, imerso no calor alentejano, enquanto ela levava consigo algumas fotos e um sonho de menina.
20 de Agosto de 2007
A mulher conheceu F num dia de Outubro quando ele entrou porta dentro. Vinha calado, com ar sério, vestido para a ocasião. Balbuciou poucas palavras e fechou-se cabisbaixo na sua mesa de trabalho.
A mulher achou-lhe graça e espiou-o, disfarçadamente, sempre que podia.Verificou que era tímido, com um olhar profundo e um aspecto aparentemente alinhado que escondia a sua desordem interior.
Com o passar dos meses e sem saber porquê a sua presença calada e enigmática dava-lhe conforto e nos dias em que F aparecia no escritório a mulher sentia-se inspirada, como se penetrar nas entranhas daquele homem fosse um desafio.
Um dia F desapareceu, sem palavras, por muito tempo.
Num fim de tarde em que o encontrou por acaso, interpelou-o, um pouco sem sentido, inventando palavras ao acaso só para ouvir a sua voz. F escutou mas permaneceu quase calado, sussurrando apressado algumas palavras, como se fugisse. Tinha pressa, disse.
Anos mais tarde a mulher compreendeu que não era nada de pessoal. F tinha um mundo próprio de que lhe era difícil sair.
Numa manhã de Verão encontraram-se debaixo de um calor intenso. F trazia uma t shirt verde e calças de ganga e sofria com o ar sufocante. A mulher manteve-se à distância, espiando de longe, em segredo, roubando-lhe a alma através da máquina fotográfica e escrevendo, escrevendo palavras sem sentido, sem ordem, sem nexo, com o prazer da descoberta de si, de o ter ali tão perto e tão longe, de se sentir viva uma vez mais.
Em pleno Verão ela partiu e ele ficou para trás, despido, imerso no calor alentejano, enquanto ela levava consigo algumas fotos e um sonho de menina.
20 de Agosto de 2007
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