02 setembro 2008

Alentejo I: árvores em sangue



Algures entre Grândola e Alcácer do Sal a imensidão de sobreiros desnudados entram-nos pelos olhos dentro. Estão ali, vivos, mas depojados, jorrando sangue pelas feridas abertas.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.

Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu. Era nosso de mais para fingir
De segunda pessoa da trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério..."

(Alberto Caeiro, «O Oitavo Poema de "O Guardador de Rebanhos"»